Startup da Jordânia cria água com ar do deserto
17/04/2023O equipamento funciona tão bem que o primeiro cliente da Aquaporo é o governo da Jordânia, que fez um pedido inicial de mil unidades.
Antes de te introduzir a essa tecnologia inovadora, precisamos dar um contexto sobre a Jordânia. Afinal, o fato de o trabalho em questão ter começado por lá está diretamente ligado a isso. O país, localizado no Oriente Médio, tem uma das maiores inseguranças hídricas do mundo.
Famílias planejam seu dia em torno da água. Cozinhar, limpar e lavar roupa antes que o abastecimento acabe é um grande desafio. Em média, são 36 horas por semana com água disponível nas áreas urbanas. Muitas vezes, a alternativa nas cidades é recorrer a alternativas mais caras, como água mineral engarrafada ou caminhões-tanque.
Nossa situação, com a falta de recursos naturais e água, nos coloca em uma posição em que temos que fazer alguma coisa (…) O empreendedorismo climático é importante e está crescendo.Tamer Al-Salah, diretor-gerente da BeyondCapital
O empreendedorismo climático
Entre as empresas que buscam soluções para esse problema histórico está a Aquaporo. A startup assumiu o desafio de desenvolver uma maneira mais eficiente de coletar água potável do ar. Ao mesmo tempo, ajuda uma nova geração de empreendedores climáticos.
Coletar água do ar não é, exatamente, uma novidade. Há séculos, o ser humanos faz isso através do orvalho ou absorvendo a neblina com alguns tipos de plantas. Mesmo tecnologias recentes, normalmente funcionam apenas em regiões com mais umidade.
Na Jordânia, porém, o clima é muito seco. A Aquaporo, ao que tudo indica, encontrou a solução. O dispositivo da empresa empurra o ar através de nanomateriais. São pequenos pedaços de plástico com ranhuras e formas microscópicas em seu interior, que agem como filtros. Eles capturam o vapor de água do ar e filtram poluentes para produzir água. Você pode ver uma simulação do processo clicando aqui.
Passo a passo
Liderada pelo CEO Kyle Cordova e pelo diretor de engenharia Husam Almassad, a Aquaporo começou em um laboratório de pesquisa na Royal Scientific Society da Jordânia.
Cordova trabalhou com um grupo de estagiários, cujo projeto inicial se parece com um freezer com fileiras de prateleiras transparentes empilhadas no topo. Nanomateriais cobrem cada prateleira, lembrando finas fileiras de areia monocromática.
O modelo atual é mais sofisticado e menor, integrando-se perfeitamente aos bebedouros que a maioria das famílias jordanianas já tem em suas casas. A máquina, que possui o tamanho de um ar condicionado, pode coletar até 35 litros de água em 20% de umidade em um único dia.
O equipamento da Aquaporo pode produzir mais do que o dobro da quantidade de água em comparação com outros dispositivos do tipo em climas desérticos. A startup também conseguiu reduzir os custos ao usuário final. Isso foi possível pela diminuição no consumo de energia.
Planos futuros
O equipamento funciona tão bem que o primeiro cliente da Aquaporo é o governo da Jordânia, que fez um pedido inicial de mil unidades. A promessa é fornecer gratuitamente a famílias em todo o país a partir de janeiro de 2024. A startup também está em negociações com diferentes agências de desenvolvimento para ajudar na doação a outros países.
A fabricação começará na Jordânia, embora a equipe esteja considerando outros locais para o futuro. Em escala, o preço por unidade deve girar em torno de US$ 600. Com o apoio de ONGs e do governo jordaniano, a startup espera distribuir os primeiros aparelhos gratuitamente.
Esta foi uma invenção jordaniana, feita para a JordâniaKyle Cordova, em entrevista à Fast Company