Expedição registra criaturas surpreendentes no fundo do mar de uma das regiões mais remotas do planeta

Expedição registra criaturas surpreendentes no fundo do mar de uma das regiões mais remotas do planeta

09/03/2023 0 Por cetico.kf

As ilhas de Ascensão e Santa Helena são consideradas algumas das áreas mais remotas do mundo. Localizadas no meio do caminho entre a África e a América do Sul, no Oceano Atlântico, ficam a quase 2 mil km de distância do continente mais próximo. Foi buscando conhecer mais sobre essa região que um grupo de pesquisadores britânicos embarcou numa expedição de seis semanas para estudar mais a biodiversidade marinha da região. E ao voltar da viagem, eles compartilharam imagens de criaturas surpreendentes que vivem nas profundezas dos oceanos.

Entre os objetivos da expedição estavam mapear o solo marinho, analisar a qualidade da água e a presença de partículas plásticas e ainda, identificar espécies marinhas.

Ascensão e Santa Helena são considerados territórios do Reino Unido e duas enormes áreas de preservação marinha. O navio Royal Research Ship (RRS) Discovery percorreu quase 15 mil km e se deparou com alguns seres impressionantes.

“A maioria dos animais realmente interessantes fica mais no fundo do mar durante o dia e sobe quando escurece para evitar predadores, então tivemos que trabalhar durante a noite”, revela James Maclaine, curador da área de peixes do Museu de História Natural de Londres e um dos cientistas que participaram da expedição.

Foram usadas duas redes de arrasto para coletar espécimes em duas profundidades diferentes, a 1 mil metros e entre 400 e 700 metros.

Entre os muitos peixes coletados para análises mais aprofundadas estão alguns que os pesquisadores acreditam ser novas espécies, até agora desconhecidas para a ciência. Um deles é um tamboril, também chamado de peixe-futebol, provavelmente do gênero Himantolophus. O espécime em questão era uma fêmea, jovem. As pintas brancas em seu corpo são órgãos sensoriais que a ajudam a detectar presas.

“Este é um dos peixes mais interessantes que encontramos. Ele é uma nova espécie ou uma espécie conhecida apenas anteriormente a partir de seis espécimes. Então isso é realmente emocionante”, diz Maclaine.

A fêmea de tamboril observada durante a expedição: possivelmente uma nova espécie
(Foto: © Chris Fletcher)

Como é muito comum no fundo do mar, muitas criaturas são fluorescentes, ou seja, brilham no escuro. A bioluminescência, capacidade de produzir luz visível por meio de uma reação química em organismos vivos, é observada em muitos animais marinhos. Um exemplo é a lula-joia, que aparece na imagem em destaque nesta reportagem. A espécie é avistada com frequência pelas ilhas de Santa Helena e Ascensão.

Outro flagrante incrível foi desse peixe-víbora logo abaixo, que assim como a lula, apresenta filamentos vermelhos brilhantes sob luz ultravioleta, o que pode, segundo o pesquisador britânico, pode ser resultado de ações químicas em seus órgãos.

O peixe-víbora de Sloane
(Foto:  © Chris Fletcher)

Cientistas ainda tentam entender porque esses seres usam a bioluminescência. Numa profundidade de 200 metros, a luz solar já é considerada muito fraca, mas os organismos que vivem lá estão bem adaptados para ver em condições de pouca luz. Há suspeita de que eles possam utilizar esse mecanismo para atrair ou ludibriar suas presas.

Outro tamboril, mas esse é do tamanho de uma ervilha
(Foto: © James Maclaine)

*Com informações e entrevistas concedidas a Emma Caton/Natural History Museum

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