O nosso Sistema Solar recebe frequentemente visitantes de outras estrelas. São objetos interestelares, viajantes cósmicos que cruzam o espaço entre as estrelas. O mais recente deles a ser detectado está chamando a atenção. Batizado de 3I/ATLAS, ele está se aproximando do Sol a uma velocidade impressionante de aproximadamente 58 quilômetros por segundo. Essa é uma das velocidades mais altas já registradas para um objeto desse tipo.

Descoberto no dia 1º de julho pelo sistema de alerta precoce de impacto de asteroides ATLAS, localizado no Havaí, o 3I/ATLAS ganhou seu nome por ser o terceiro objeto interestelar confirmado a entrar no nosso Sistema Solar.

Na época da detecção, ele estava a cerca de 420 milhões de quilômetros da Terra. Sua jornada começou em algum ponto distante da nossa galáxia, provavelmente centenas de milhões de anos atrás, antes de finalmente cruzar o nosso quintavo cósmico.

É grande, é rápido e está vindo na nossa direção (ATLAS/Universidade do Havaí/NASA)

As medições indicam que o 3I/ATLAS é um objeto substancial, com cerca de 11 quilômetros de diâmetro. Esse tamanho é relevante. Para ter uma ideia, o asteroide que contribuiu para a extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos também tinha dimensões similares. Naturalmente, esse fato gera certa curiosidade e até apreensão em algumas pessoas. O tamanho significativo e a origem interestelar são características que alimentam especulações.

De fato, um pequeno grupo de cientistas levantou uma hipótese extraordinária, embora considerada altamente improvável pela maioria dos especialistas. Eles sugeriram que a trajetória precisa do 3I/ATLAS, projetada para evitar uma aproximação excessiva da Terra, poderia ser intencional.

Essa ideia especula que o objeto poderia abrigar inteligência extraterrestre e possivelmente representar uma ameaça, exigindo até mesmo medidas defensivas. Essa linha de raciocínio atribui ao objeto um status “potencialmente hostil”.

No entanto, a comunidade científica em geral e a NASA, em particular, oferecem uma perspectiva bem diferente e mais fundamentada. Paul Chodas, diretor do Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra da NASA, foi enfático.

Ele afirmou que o 3I/ATLAS é um objeto natural, como os outros dois visitantes interestelares anteriores (‘Oumuamua e Borisov), e não uma nave alienígena. A expectativa de encontrar tais viajantes interestelares existia há décadas, e sua detecção é um marco científico, não um motivo para alarme.

A NASA calculou a trajetória do 3I/ATLAS com precisão. O ponto de maior aproximação com a Terra ocorrerá em outubro, quando o objeto estará a uma distância segura de aproximadamente 274 milhões de quilômetros. Isso é mais de 700 vezes a distância entre a Terra e a Lua. Não há risco de colisão. As observações mais recentes indicam que o objeto apresenta características consistentes com um cometa, embora não esteja exibindo uma cauda significativa neste momento.

Sua origem exata dentro da nossa vasta galáxia permanece desconhecida, um mistério que viajou incontáveis quilómetros pelo espaço interestelar antes de ser brevemente observado pelos nossos telescópios. A passagem do 3I/ATLAS oferece uma oportunidade única para estudar de perto, mesmo que remotamente, um pedaço de outro sistema estelar.