O ‘Ouro é Extraterrestre’ – cientistas explicam como chegou à Terra!
02/01/2025ientistas desvendam como o ouro, formado nas profundezas da Terra, é trazido à superfície por processos geológicos únicos.
Pesquisadores de várias partes do mundo, incluindo um cientista da Universidade de Michigan, identificaram um novo mecanismo que explica como depósitos de ouro se formam.
A descoberta deu mais detalhes sobre uma tema que intrigava a comunidade científica: como o ouro, comum no manto terrestre, é transportado até a superfície da Terra.
O papel do ouro no interior da Terra
Embora o ouro seja um metal relativamente comum na composição geral do planeta, a maior parte dele permanece profundamente presa no manto terrestre.
Na superfície, ele é encontrado em concentrações específicas em rochas vulcânicas ou magmáticas. O processo que traz esse ouro à superfície, no entanto, era pouco compreendido.
O estudo recente revelou que uma forma específica de enxofre, sob condições precisas de pressão e temperatura, promove a transferência do ouro do manto para magmas que eventualmente chegam à superfície. Essas condições ocorrem entre 50 e 80 quilômetros de profundidade, sob vulcões ativos.
Complexo Ouro-Trissulfeto
O ouro puro, inerte no manto terrestre, só se torna móvel quando em contato com fluidos ricos em enxofre.
Nessas condições, ele forma ligações moleculares com três íons de enxofre, criando um complexo conhecido como ouro-trissulfeto.
Esse complexo apresenta alta mobilidade nas regiões fundidas do manto, conhecidas como magma.
Os cientistas já sabiam que o ouro podia formar ligações com átomos de enxofre, mas este é o primeiro estudo a apresentar um modelo termodinâmico robusto sobre a importância do complexo ouro-trissulfeto.
Simulações e experimentos
O avanço foi possível graças a simulações numéricas e experimentos laboratoriais. No laboratório, os pesquisadores controlaram rigorosamente pressão e temperatura para recriar magma artificial e validar o modelo termodinâmico.
O modelo desenvolvido agora pode ser aplicado a condições reais da Terra, ajudando a explicar a formação de grandes depósitos de ouro.
Subdução
Um ponto de destaque no estudo é o papel das zonas de subdução. Essas regiões, onde uma placa tectônica desliza sob outra, criam as condições ideais para a formação de depósitos de ouro.
Quando a placa subductora mergulha no manto, ela libera fluidos ricos em enxofre. Esses fluidos interagem com o magma, formando os complexos ouro-trissulfeto e permitindo a ascensão do ouro à superfície.
“Nas zonas de subdução ao redor do Oceano Pacífico, de Nova Zelândia ao Chile, temos muitos vulcões ativos. Esses vulcões são diretamente ligados aos processos que também formam depósitos de ouro”, explicou Adam Simon, professor de Ciências da Terra e Meio Ambiente na Universidade de Michigan e coautor do estudo.
Impacto na exploração
A pesquisa oferece uma compreensão mais aprofundada sobre por que algumas zonas de subdução produzem depósitos de ouro extremamente ricos. Isso pode trazer impactos positivos na exploração mineral, permitindo estratégias mais precisas para encontrar novos depósitos.
Simon destacou: “Combinar os resultados deste estudo com outros existentes melhora significativamente nosso entendimento sobre a formação de depósitos de ouro”.
O estudo, intitulado Mantle oxidation by sulfur drives the formation of giant gold deposits in subduction zones, foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Fonte/Imagem: CPG/Internet