A verdade sobre o Necronomicon – um livro amaldiçoado

A verdade sobre o Necronomicon – um livro amaldiçoado

12/03/2025 0 Por nachos.cetico

“Este volume amaldiçoado, cuja mera leitura provoca loucura e suicídio, é uma invenção de H. P. Lovecraft para o universo aterrorizante de seus Mitos de Cthulhu. O conteúdo do Necronomicon, é claro, nunca chegou a ser conhecido, pois ninguém sobreviveu para revelá-lo.

Rumores persistentes afirmam que ele abriga conhecimentos arcanos e feitiços de bruxaria que permitem contato com seres alienígenas de poderes malignos, os Antigos. Expulsos de nosso planeta em tempos imemoriais por praticarem magia negra, esses seres permanecem adormecidos no espaço, aguardando uma oportunidade para retomar o mundo, que outrora já foi deles.

Lovecraft se divertiu escrevendo uma minuciosa história do Necronomicon e suas traduções, com um nível de detalhe bibliográfico tão grande que alguns leitores acreditaram cegamente em sua existência. Alguns antiquários fraudulentos chegaram até mesmo a fingir que possuíam um exemplar, colocando-o à venda para enganar incautos.

A brincadeira bibliófila começa pelo próprio nome do autor, um suposto poeta árabe louco chamado Abdul Al Hazred. Na realidade, trata-se de um apelido infantil do próprio Lovecraft, inspirado nos contos de As Mil e Uma Noites. Al Hazred é um trocadilho com o inglês all has read, ou seja, “aquele que leu tudo”.

Os contos dos Mitos de Cthulhu contêm inúmeros avisos sobre as terríveis consequências de ler o Necronomicon. Adverte-se que, na Idade Média, sua influência causou eventos espantosos e que o livro foi condenado pela Igreja no ano de 1050.

Ainda segundo a versão de Lovecraft, apesar das maldições, uma tradução latina da obra sacrílega foi impressa na Espanha do século XVII. Restariam quatro exemplares dessa edição: um no Museu Britânico, outro na Biblioteca Nacional de Paris, um terceiro em Harvard e o último na fictícia Universidade de Miskatonic, na também fictícia cidade de Arkham, nos Estados Unidos.

Fãs brincalhões de Lovecraft já falsificaram registros do livro para catálogos de diversas bibliotecas ao redor do mundo, atribuindo a origem da edição proibida à cidade de Toledo. Sempre que surge um suposto exemplar, os pedidos de empréstimo disparam — parece que a curiosidade supera o medo da trilha de loucura e morte que o Necronomicon deixa em seu rastro.”

O Infinito em um Junco, Irene Vallejo.
Créditos: Mundo Sombrio