CEO da Chilli Beans diz que não usará mais usar o dólar em nossos negócios com a China

CEO da Chilli Beans diz que não usará mais usar o dólar em nossos negócios com a China

11/08/2025 0 Por cetico.kf

A intensa disputa comercial entre Estados Unidos e China, que explodiu nas manchetes mundiais em maio, está criando ondas em lugares inesperados. Para a brasileira Chilli Beans, conhecida por seus óculos de sol e relógios descolados, essa turbulência global não é uma ameaça, mas sim uma janela de oportunidade. E a marca está abraçando essa mudança com uma decisão histórica.

Pela primeira vez em seus 28 anos de vida, a Chilli Beans deixou o dólar americano de lado em suas transações com parceiros chineses. O fundador e CEO, Caito Maia, anunciou que a empresa agora paga seus fornecedores diretamente em renminbi, a moeda chinesa. E esta não é uma medida passageira, apenas para contornar os ventos da guerra comercial.

“De forma alguma é uma estratégia pontual”, enfatizou Maia. “Queremos continuar mantendo esta prática. A ideia é que o uso do dólar não volte nunca mais”. A declaração é clara: a Chilli Beans está reescrevendo suas regras fundamentais de negociação internacional.

Essa ousada mudança já está dando frutos concretos para a empresa. Caito Maia revela que a adaptação ao renminbi trouxe ganhos financeiros significativos, especialmente nas operações de câmbio. O recálculo forçado pelas tensões entre as duas maiores economias do planeta revelou-se uma vantagem competitiva. Os recursos economizados fortalecem a posição da Chilli Beans no exigente mercado global.

O objetivo final da marca vai além de simplesmente trocar a moeda. “A ideia é que o uso do dólar não volte nunca mais e que façamos todas as transições diretamente com a China: em termos de moeda, compra, comércio, tudo”, detalha o CEO. É uma integração mais profunda com um parceiro de longa data.

Falando em parceria, a relação da Chilli Beans com a China é sólida e antiga. Maia conta que há três décadas o mercado chinês “apadrinhou” a marca brasileira. “Fomos levados para lá, apresentados para as fábricas e temos os mesmos parceiros há 25 anos”, explica. Ele define essa relação como “extremamente ganha-ganha, saudável, ética e bacana”. Segundo o CEO, a Chilli Beans alcançou seu patamar atual graças à ajuda e à crença depositada pela China.

Enquanto aprofunda os laços com a China, a Chilli Beans também acelera sua expansão física pela Ásia. A Indonésia é um foco estratégico atual. “Já estamos na Indonésia, com 10 pontos espalhados pelo país e vamos colocar energia nessa expansão”, afirma Maia com convicção. O continente asiático representa um mercado promissor para a visão global da marca.

Os planos futuros da empresa são tão ambiciosos quanto sua mudança monetária. A meta é atingir a impressionante marca de 3.200 lojas nos próximos cinco anos, praticamente dobrando sua presença atual. Além da expansão geográfica, a inovação e a sustentabilidade estão na agenda. O projeto Eco Chilli é um exemplo, visando levar lojas sustentáveis em contêineres adaptados para cidades menores, com menos de 50 mil habitantes.

Com um faturamento anual que já ultrapassa R$ 1,4 bilhão, a Chilli Beans demonstra que pensar fora da caixa – ou, neste caso, fora do dólar – pode ser a chave para o crescimento sustentado. Durante uma participação no podcast “De frente com CEO”, da EXAME, Caito Maia resumiu sua filosofia: “Não se contente em fazer o que todo mundo faz. Tenha coragem. Tenha atitude. Faça diferente. É assim que você se destaca no mercado”. A estratégia de abandonar o dólar em suas operações chinesas é, sem dúvida, um exemplo vivo dessa coragem em ação.