
URGENTE: Após carta de Trump, Bolsonaro fica sabendo que…
22/08/2025
A cena foi cuidadosamente construída: diante da câmera, com semblante sério e a voz carregada de ênfase, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ergueu uma folha de papel e a apresentou como se fosse uma peça-chave em um jogo de poder que atravessa fronteiras. “É do presidente Donald Trump para Jair Bolsonaro”, disse o deputado. O gesto, aparentemente simples, tinha uma clara intenção: mostrar que o ex-presidente brasileiro não estaria sozinho em sua batalha contra a Justiça.
O vídeo, publicado nas redes sociais nesta semana, surge em um momento de forte tensão política. O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu a data para julgar Jair Bolsonaro por sua suposta participação no plano de golpe de Estado investigado desde 2022. E, para seus aliados, cada novo movimento da Justiça é tratado como parte de um cerco.
É nesse contexto que a carta ganha peso simbólico. Segundo Eduardo, o documento foi entregue em encontro com interlocutores próximos ao ex-presidente norte-americano e carrega palavras de solidariedade. “Trump teceu elogios, falou da preocupação com a prisão, a perseguição que Bolsonaro está sofrendo”, afirmou o deputado, segurando o papel como quem exibe uma prova irrefutável.
A sombra de Trump e o recado ao Brasil
O que poderia ser lido apenas como um gesto de amizade pessoal foi interpretado por Eduardo Bolsonaro como algo maior: um sinal de que Trump estaria disposto a se mover em favor do ex-presidente brasileiro. Em seu discurso, o deputado descreveu o norte-americano como um líder capaz de influenciar governos e impor condições econômicas e diplomáticas em escala global.
Não por acaso, citou as negociações de Trump com Canadá, México, União Europeia, Rússia, Coreia do Norte e Irã, para, em seguida, lançar a pergunta: “Vocês acreditam que vão conseguir enrolar um líder com esse alcance?”.
O recado parecia endereçado diretamente às autoridades brasileiras — um misto de advertência e ameaça velada.
A crítica ao Itamaraty e a diplomacia em xeque
Eduardo também aproveitou para mirar contra o Itamaraty. Relatou que a embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti teria recebido, segundo ele, uma “porta na cara” ao tentar contato com o Departamento de Estado. A narrativa reforça a ideia de que a diplomacia oficial brasileira estaria sendo desprezada, enquanto ele, por meio de contatos pessoais, abriria caminhos mais eficazes junto ao círculo trumpista.
“Último recado” ou peça de pressão?
O tom do vídeo foi ainda mais incisivo pelo modo como Eduardo o enquadrou: seria o seu “último recado” às autoridades brasileiras. A advertência era clara: se não agirem “antes que seja tarde”, os Estados Unidos poderiam adotar medidas duras contra o Brasil.
“Vocês que estão com o poder da caneta, ajam antes que seja tarde demais”, declarou. E completou: se Trump resolvesse “usar as armas que tem”, não haveria mais volta.
A fala, carregada de dramaticidade, rapidamente se espalhou entre aliados e críticos. Para uns, é prova de que Bolsonaro ainda conta com aliados poderosos no exterior; para outros, apenas um gesto teatral, mais voltado a mobilizar sua base interna do que a gerar consequências reais na política internacional.
A repercussão e o clima político
Em Brasília, a repercussão foi imediata. Aliados interpretaram o gesto como sinal de resistência e esperança em meio ao avanço do processo judicial contra Bolsonaro. Já críticos apontaram para a gravidade de um parlamentar brasileiro sugerir que os Estados Unidos poderiam intervir em assuntos internos do país.
No fim, o vídeo de Eduardo cumpre seu papel: tensiona o ambiente político, reacende o debate sobre a influência externa em crises nacionais e, sobretudo, recoloca o nome de Trump — peça central da narrativa bolsonarista — como um fantasma pairando sobre o destino do Brasil.
O julgamento no STF se aproxima, mas a disputa, claramente, não se limita às cortes de Brasília. A batalha é também pela narrativa — e Eduardo, ao erguer uma carta diante das câmeras, mostrou que cada gesto, cada palavra, pode ser transformado em combustível para a guerra política.